SOBERANAS LEIS
EV.Cap.I, Item 3.
Não penseis que eu tenha
vindo destruir alei ou os profetas...
S. Mateus, cap. V, v. 17.
A Lei
natural, que vige em todo o Universo, é a de Amor, que se exterioriza de Deus
mediante a Sua criação.
O Cosmo
equilibra-se em parâmetros de harmonia inalterada, porque procede de uma
Causalidade inteligente que tudo estabeleceu em equilíbrio.
Essa ordem
espontânea é sempre a mesma em toda parte, expressando-se como modelo para a
conquista integral de todas as coisas, particularmente do Eu profundo,
que dorme em latência nos seres aguardando os fatores propiciatórios à sua
manifestação.
No começo é a sombra
dominante, geradora de impulsos automáticos, inconscientes, herança dos
períodos primeiros da evolução, quando se instalaram no psiquismo os instintos
primários, que remanescem em controle das atividades do processo de
crescimento. Inconsciente da sua realidade imortal, o ser é atraído para a
Grande Luz libertadora, experimentando os embates internos que o desalojam da
concha vigorosa onde se encarcera, facultando-lhe os primeiros voos do
discemimento e da
razão com promessas de plenitude.
Como efeito
inevitável, a inspiração superior vem trabalhando em nome dessa Lei, para que o
Espírito modele as asas para a ascensão, através de disciplinas morais e
sociais, mediante as quais aprende a dominar os impulsos e racionalizá-los,
para que no futuro consiga introjetar o sentimento profundo do amor e,
mergulhado conscientemente na Lei Natural, consiga utilizar-se da intuição
ou comunicação direta com o Pensamento Univasal espraiado em toda parte,
ascendendo aos planos da felicidade que almeja.
Moisés houvera
estabelecido por inspiração e observação os códigos essenciais ao processo de
libertação da sombra e elaborou o Decálogo conduzido pelo
Psiquismo Divino, tornando-o indestrutível, paradigma para todas as demais
leis, por conter em essência o fundamento do respeito a Deus, à vida, aos seres
em geral e a si mesmo em particular.
A época,
caracterizada pela predominância da sombra coletíva, tomava-se
indispensável que ficassem estabelecidas trajetórias de grande vigor, mediante
o processo avançado em relacão à Lei de talião, aquela que punia conforme o
tipo de delito praticado: o lho por olho, dente por dente...
O ser humano
compreendia que a amputação de um membro que houvera delinquido não
correspondia a uma medida de justiça, mas sim de vingança, porque, afinal, não
é o órgão que injuria, que comete o delito, mas sim é o ser pensante que
transfere a atribuição da responsabilidade, propondo outro tipo de correção.
A reeducação
passou a ser a medida própria para reabililitar o infrator, antes que para
destruir-lhe a existência corporal ou parte dela.
Desde o primeiro código moral e legal, conhecido e exarado na estela de
pedra por Hamurabi, que ficaram os primeiros sinais de respeito pela vida e
pelos seres humanos, embora a dominação arbitrária dos poderosos em trânsito
para o túmulo, sempre vitimados pela sombra que neles era a característica essencial.
Jesus, o Homem
excelente, chegou à Terra e defrontou a ignorância em predomínio trazendo a
mensagem de amor que jamais fora apresentada antes na formulação de que Ele se
fazia portador.
O amor era
considerado sentimento feminino, próprio da fragilidade atribuída à mulher,
porque se ignorava a força existente na anima que existe em todos os homens, prepotentemente submetidos ao
férreo jugo da brutalidade. Da mesma forma, o animus que compõe
psicologicamente o ser feminino era propositalmente ignorado, a fim de não ser
vítima de punição, que atribuía à mulher culpa e responsabilidade pelo delíquio
inicial do homem, portanto, a degradação de toda a Humanidade.
Esse barbarismo
conceptual encontrava a sua extravagante inspiração na Bíblia, interpretada de
forma conveniente e dominadora em desserviço das admiráveis imagens que
revestem o pensamento original e podem ser decodificadas pela moderna
psicologia profunda, como também pela psicanálise, retirando os mitos nela
existentes e configurando os arquétipos que prosseguem no inconsciente
individual e coletivo de todas as criaturas humanas.
Jesus não foi o
biótipo de legislador convencional. Ele não veio submeter a Humanidade nem
submeter-se às Leis vigentes. Era portador de uma revolução que tem por base o
amor na sua essencialidade mais excelente e sutil, e que adotado transforma os
alicerces morais do indivíduo e da sociedade.
As do Seu tempo
eram leis injustas e condenatórias, punitivas e impiedosas, que viam o ser
humano apenas como um animal passível de domesticaçâo, e quando se lhe
patenteava a rebeldia, tornava-se merecedor de extermínio para o bem da sociedade. Mormente que as paixões
da sombra, envolvente dos legisladores e seus tribunais, sempre
preponderavam nas decisões criminosas, não menos merecedoras de reparação do
que aquelas que pretendiam justiçar.
A superioridade
espiritual e moral de Jesus entendeu a necessidade, não a primazia desse código
perverso, e submete-se, pois que Ele viera também para dar exemplo dos
postulados que recomendava, considerando respeitáveis os profetas e legisladores
que as estabeleceram nos seus respectivos períodos. Todavia, Ele trazia uma
nova versão da realidade, centrada no ser imortal, procedente do mundo
espiritual e a ele volvendo, o que alterava a estrutura da justiça, que não
mais deveria ser punitiva-destrutiva, mas educativa-reabilitadora.
O ser humano
erra por ignorância ou rebeldia, sob os estímulos do ego autodefensor, sem
conhecimento profundo do significado existencial, do valor de si mesmo.
Mergulhado em sombra, esse lado escuro da personalidade sobressai-se
e impulsiona a ações que estão destituídas da razão e da compaixão,
desnaturadas nas bases e dominantes na essência.
O ensinamento de Jesus fundamenta-se na evolução do Self, iluminando
a sombra e vencendo-a.
Ele vem buscar o
ser humano no abismo em que se encontra , priorizando os valores éticos e
espirituais e deixando à margem as compensações egóicas, porque aquele que já
desfrutou de felicidade e não a soube repartir com o seu próximo, terá menos
possibilidade de fruí-la depois da vida física.
Todos os
objetivos da Boa Nova que Ele trouxe centram-se no futuro do Espírito, na sua
emancipação total, na sua incessante busca de Deus.
Tornando-se o Caminho,
a Sua é a Verdade que conduzà Vida, à plenitude, ao armazenamento
de sabedoria e de amor.
Na conquista
desse objetivo, não importam os preços e testemunhos, os impositivos das
legislações, mesmo quando arbitrárias e injustas, porque são transitórias. No
entanto, diante da Consciência Cósmica, a escala de valores é feita mediante
condutas essenciais, aquelas que são do ser em si mesmo responsável e assume as
consequências dos seus hábitos perante a vida.
Todoo Seu verbo
está exarado em linguagem programada para resistir aos tempos de evolução do
pensamento e abrir espaços para as repercussões sociológicas e espirituais,
éticas essenciais e morais seguras através dos diferentes períodos da
Humanidade.
Ocultando
grandes verdades em símbolos compatíveis com a compreensão do momento,
utilizou-se com sabedoria dos conteúdos dos hábitos diários para compor o mais
admirável hino de louvor à vida de que se tem conhecimento.
Suas parábolas,
argamassadas com o cimento das lições do cotidiano, são discursos para todos os
períodos do desenvolvimento sócio-psicológico das criaturas. Não obstante, fez
grandes silêncios em tomo de verdades mais transcendentes que poderiam ser
desnaturadas por falta de amadurecimento evolutivo e psicológico dos Seus
coevos, impossibilitados mesmo de registrar o pensamento, que sofreria,
inevitavelmente, mutilações, adaptações, adulterações de acordo com os
interesses vigentes em cada estágio da evolução.
Tornava-se, por
outro lado, necessário que a Ciência pudesse corroborar-Lhe os postulados,
oferecendo à razão os meios de aceitação compatíveis com as exigências do
sentimento destravado das leis vigorosas e primitivas, bem como dos dogmas que
as substituiriam, tão perversos quanto as mesmas, a fim de manterem as mentes
submetidas aos interesses das religiões e dos Estados ultramontanos.
Pelo mecanismo
inevitável e incoercível das reencarnações, missionários do Bem e da Luz
periodicamente mergulhando no corpo esbatiam a sombra coletiva,
libertando o ser daquela que nele predominasse, mediante o esforço de adaptação
às conquistas da inteligência e da emoção.
Na perspectiva, portanto, da psicologia profunda,
a Lei de amor está inserta
no ser legítimo, trabalhando-o sem cessar face ao fatalismo da evolução nele
predominante, ao tempo em que os conceitos de imortalidade, de comunicabilidade
do Espírito após a morte e da reencarnação pudessem receber o aval da Ciência
investigadora, abrindo novos horizontes para o amadurecimento psicológico,
gerador da felicidade humana.
Por isso, o
enunciado de Jesus: Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os
profetas, é de significado relevante e essencial, ensinando que, mesmo
diante de leis injustas e imposições apaixonadas, o ser lúcido não deve criar
embaraços ou temer as injunções negativas, porquanto, na sua liberdade
interior, nada de fora consegue alcançá-lo realmente, exceto a sabedoria da Lei
Natural inserta na sua consciência.
Excelente post! Lembrei-me do que nos ensina o Evangelho, que todos nós fomos criados simples e ignorantes e que a cada experiência encontramos os meios de evolução. A evolução é um processo histórico, podemos percebe-lo em todos os tempos.O mesmo acontece com os homens, o mundo, os estudos, conceitos e constatações. A Lei do Progresso pode ser bem observada neste texto. O que antes existia como verdade, ao longo do tempo foi reformulado o que permitiu a igualdade e a justiça; lembrando que ainda há muito a ser elaborado em termos de alcançarmos novos patamares.Jesus com seus exemplos e atos promoveu a evolução de muitos conceitos, sintetizando o que de fato é imperioso: amar ao proximo como a ti mesmo. Importante e urgente refletirmos sobre esta frase, pois ela remete a tantas outras leis se não a todas as leis num sentido mais amplo.
ResponderExcluirPq aí tb estão as Leis do Amor, do progresso, da caridade, da evolução e podemos ir até mais longe..da ação e reação, das expiações e provas; engloba o todo no meu modo de pensar.
Textos como este merecem nossa reflexão e auxiliam no entendimento pois são essenciais e independem da época.
Bjs,Flavia.
Olá Luzes
ResponderExcluirTambém acho que, não tem como falar em outras Leis naturais sem falar e sem pensar que antes de todas vem A Lei de Amor. A Essência do evangelho é atemporal e irretocável, Sua Moral.
Muito obrigada pelo seu comentário.
Bjs